Skip to main content
g1

‘A Substância’ é 7º filme de terror ou horror indicado a Melhor Filme; por que Oscar não valoriza estilo?

By 25 de fevereiro de 2025No Comments

Especialistas explicam estigma em torno do gênero; entenda como filme com Demi Moore conseguiu espaço entre longas dramáticos e sóbrios. Neste ano, “A Substância”, da francesa Coralie Fargeat, foi indicado ao Oscar em cinco categorias: melhor filme, melhor atriz, diretora, roteiro original, e melhor cabelo e maquiagem. Com isso, a obra se tornou somente o sétimo longa de horror/terror indicado a melhor filme na história da premiação.
Para quem acompanha o Oscar, não é novidade que esse tipo de filme não é dos mais queridos. Há estigma em torno do gênero, e muitos longas sangrentos não tiveram aceitação na Academia mesmo com quase um século de premiação. Entenda o histórico dos filmes de horror e terror no Oscar:
LEIA MAIS: ‘A Substância’ expõe o lado grotesco do culto à imagem; g1 já viu
Fernanda Torres tem mais chance que Demi Moore no Oscar?
Sangue demais?
Historicamente, os filmes de terror e horror são considerados “baratos”, com violência gratuita e recursos “de segunda”. Em uma matéria do veículo NPR, argumenta-se que a Academia prefere dramas sóbrios, “que tendem a ser baseados em pessoas reais e situações históricas reais”, sem espaço para produções mais estilísticas de qualquer natureza.
Para Fabiana Lima, crítica da Abraccine e do Critics Choice, essa “exclusão” não está limitada ao terror, mas qualquer filme considerado “de gênero”, ou seja, “que tem as características de gênero muito impregnadas em sua construção”.
“Filmes de comédia, de ação, de terror… esses são considerados filmes menos prestigiosos historicamente [para o Oscar]. A Academia sempre privilegiou filmes que, além de prestígio, tenham valor de produção, tenham a ver com histórias marcantes”.
Cena de ‘A Substância’
Divulgação
O jornalista Luiz Machado, do podcast sobre filmes de terror “Esqueletos no Armário”, afirma que o Oscar “preza muito por uma estética realista e naturalista” – coisa que muitos filmes de terror não têm, nem tentam ter.
“O cinema de terror é um cinema de exageros. É um cinema que ele brinca muito com sensações, percepções e tabus também. E é um cinema ‘vulgar’. Então, quando a gente fala de cinema de terror, você pensa em susto, você pensa em demônio, tripas, vísceras… e é ‘mau gosto’ puro”.
Também há questões práticas: sabendo que há poucas chances de indicações, os estúdios de cinema preferem investir em outros tipos de filmes. Entre garantir a indicação de um drama ou arriscar promover um longa sangrento, geralmente os estúdios ficam com o primeiro.
Para Fabiana, tudo isso culmina em uma “posição histórica” da Academia que tem pouco espaço para melhorar. Afinal, os votantes são convidados pela própria instituição; e se criadores de filmes de terror, comédia, ação e fantasia não são reconhecidos, eles também não votam.
“Se alguém que está envolvido com esses filmes não vai ser indicado, a chance dele ser membro da Academia e de se refletir na Academia é menor”, explica. Assim, fica pouco espaço para filmes “atípicos” entre as indicações.
Os filmes reconhecidos
Algumas obras até conseguem conquistar o carinho da Academia. Os filmes de terror e horror que já concorreram a Melhor Filme são “O Exorcista”, “Tubarão”, “O Silêncio dos Inocentes”, “O Sexto Sentido”, “Cisne Negro” e “Corra!”. (Nem “Psicose”, clássico de Alfred Hitchcock, conseguiu uma indicação na maior categoria do Oscar).
Mas ainda assim, muitos dos longas já indicados ficam no limiar entre o suspense e o horror, justamente porque tentam ser mais sóbrios.
Luiz ressalta o caso de “O Silêncio dos Inocentes”, único da lista que venceu o Oscar de Melhor Filme. “A primeira coisa que as pessoas vão falar é: não é um filme de terror, né? É um suspense policial. Porque um suspense policial a gente pode levar a sério, um filme de terror não. Filme de terror não serve para isso”.
“Sempre há essa tentativa de subdividir o terror em gêneros mais prestigiosos e gêneros menos prestigiosos”, reforça Fabiana.
‘O Silêncio dos Inocentes’ venceu 5 Oscars, incluindo Melhor Filme
Reprodução
Luiz acredita que a indústria tenta “higienizar” o gênero, trazendo o terror para uma suposta “estética de bom gosto”.
“Esses filmes que foram indicados, como ‘Corra’ e ‘A Substância’, são anomalias. Não são filmes que tentam se adequar a essa estética de bom gosto. A Academia tem medo de exagero quando vai para essa linha. Eles amam uma atuação cheia de caras e bocas, mas se estiver coberto de sangue, cruza a linha do aceitável”.
Vale lembrar que, no horror, o exagero em cena tem um propósito. Apesar do gênero não ser levado a sério, sempre refletiu o cenário social e os medos de uma época. Hoje, com tecnologia desenfreada e crise climáticas e humanitárias, o gênero nunca se provou tão relevante.
“Filmes de terror sempre representaram medos de uma sociedade, medos muito primordiais. Nossa casa, nossa segurança… criar um filme inteiro em cima disso brinca em cima desses medos, que vêm de lugares profundos, primordiais do ser humano. O gênero brinca com isso, e esses filmes, por mais bobos que possam parecer, eles ainda representam coisas mais profundas”, reflete Luiz.
Um exemplo é “Parasita”, longa sul-coreano que venceu o Oscar de Melhor Filme em 2020 – um pioneiro, em muitos sentidos, na história do prêmio. O longa é considerado uma “comédia sombria”, no máximo um thriller psicológico, mas tem vários elementos de horror (sobretudo na segunda metade). Sem o sangue e a violência, a crítica social do longa não teria o mesmo efeito.
Para ambos os especialistas, muitos filmes ganharam reconhecimento graças às discussões sociais e políticas em torno deles. Mas sem isso, a Academia ainda não sabe reconhecer a qualidade e a inventividade no horror – que é um gênero pra lá de criativo.
“O terror é um lugar de experimentação histórico dentro do cinema. Que permitiu, por conta até mesmo da limitações de orçamento, uma ideia de criatividade muito interessante desde sempre. É um gênero muito importante. E aí a gente reconhece ele só quando convém”, diz Fabiana.
As indicações que não vieram
Toni Collette, Lupita Nyong’o e Mia Goth já foram ‘esnobadas’ pela Academia
Reprodução
Além de filmes, a Academia também tem dificuldade em reconhecer grandes atuações no horror. São comuns os casos de Toni Collette, em “Hereditário”, e Lupita Nyong’o, em “Nós”: interpretações que chamaram a atenção da crítica, eram apostas de especialistas, e não chegaram nem a ser indicadas no Oscar.
Mia Goth, que recebeu aclamação crítica após estrelar uma violenta trilogia (“X – A Marca da Morte”, “Pearl” e “MaXXXine”), chegou a dizer que ignorar os filmes de terror era uma decisão “muito política” da Academia.
“Não é totalmente baseado na qualidade de um projeto em si. Há muita coisa acontecendo lá. Uma mudança deveria ocorrer se eles quisessem se envolver com o público mais amplo”, disse à Variety em 2023.
E Demi Moore? Considerada a favorita na categoria de Melhor Atriz, a protagonista de “A Substância” entra para uma lista seleta ao ser indicada com boas chances de vencer. Entre o histórico de vencedoras nessa categoria, vale lembrar de Natalie Portman (em “Cisne Negro”), que abre um bom precedente para atuações em “body horror”.
Ela concorre com nomes como Mikey Madison (“Anora”) e claro, Fernanda Torres, com sua performance sutil e diametralmente oposta. Mas se o gênero de “A Substância” pode atrapalhar as chances de Demi, ela tem a narrativa a seu favor: a atriz foi uma das principais estrelas de Hollywood nos anos 90 e nunca foi premiada até este papel.
Uma anomalia no Oscar
“A Substância” é indiscutivelmente grotesco, como talvez nenhum outro na história do Oscar. Mas por outro lado, sua mensagem e crítica social podem ajudar a obra. O filme dialoga diretamente com Hollywood, uma indústria que não é gentil com mulheres mais velhas, e é uma das maiores perpetuadoras de padrões estéticos no Ocidente.
“[Em ‘A Substância’], tem momentos que são muito pesados para mulheres, principalmente, que vão se enxergar naquela relação da Elizabeth com o próprio corpo. Ele tem uma mensagem muito forte, ao mesmo tempo em que ele consegue ser muito bobo e vai para essa estética de exageros”, reforça Luiz.
A Substância
Reprodução
Fabiana também vê a mensagem do filme como seu maior diferencial. “Tem toda uma narrativa em torno da Demi, tem uma narrativa em torno do filme construída em Cannes, o que não teve para outros filmes [não indicados]. E aí vem também a importância temática, que eu acho que ‘A Substância’ tem, de dialogar com o que a gente passa hoje. O filme entrou dentro da cultura memética de forma muito expressiva, e acabou trilhando esse caminho”.
Ainda que não seja o favorito na maior categoria, “A Substância” é uma anomalia bem-vinda para o Oscar. Pode significar que a Academia está se abrindo para outros formatos – e que eventualmente, qualquer bom filme possa ter chances no Oscar, independente do gênero.

Caso você tenha alguma parcela de sócio que não esteja paga e queira ficar em dia com a Associação, procure o Valdemir Oliveira na Portaria e apresente uma proposta de pagamento em até 12 vezes.
Queremos ter você de volta!

O time campeão em 1972

O time campeão em 1972

1. Geraldo Brito, Administração; 2. Dr. Paulo Menezes, Serviço Médico; 3. Hélio Buani, diretor Industrial da Gráfica; 4. Vavá, Coordenação; 5. Melão,Melinho, Manutenção Industrial; 6. Juarez, convidado; 7. Érito, Chaveirinho, Paraguaio; 8. Manoel, goleiro, filho do Dr. Ary, dentista do Serviço Médico; 9. Sinézio, goleiro, Manutenção; 10. Eraldo, Impressão Tipográfica; 11. Eurípedes Maninho, Linotipo; 12. Ximenes, Fotolito; 13. César, convidado; 14. Luis Mendonça, mascote, filho do Luis do Trombone, porteiro da Gráfica; 15. Eduardo, Expedição; 16. Celino, convidado; 17. Dazinho, convidado; 18. Walmir, Administração; 19. Tião, Manutenção.

1. Geraldo Brito, Administração; 2. Dr. Paulo Menezes, Serviço Médico; 3. Hélio Buani, diretor Industrial da Gráfica; 4. Vavá, Coordenação; 5. Melão,Melinho, Manutenção Industrial; 6. Juarez, convidado; 7. Érito, Chaveirinho, Paraguaio; 8. Manoel, goleiro, filho do Dr. Ary, dentista do Serviço Médico; 9. Sinézio, goleiro, Manutenção; 10. Eraldo, Impressão Tipográfica; 11. Eurípedes Maninho, Linotipo; 12. Ximenes, Fotolito; 13. César, convidado; 14. Luis Mendonça, mascote, filho do Luis do Trombone, porteiro da Gráfica; 15. Eduardo, Expedição; 16. Celino, convidado; 17. Dazinho, convidado; 18. Walmir, Administração; 19. Tião, Manutenção.

Um passeio em Paquetá

Associação Atlética Senado Federal

Um passeio em Paquetá

Pelos idos dos anos 1950, os colegas do Senado, sócios da Associação Atlética Senado Federal – ô povo bom de se associar, esses funcionários do Senado – marcaram uma partida de futebol e passeio em Paquetá, ilha na baía de Guanabara. Quem nos faz o relato é Arnaldo Gomes, ex-diretor da Gráfica do Senado: “Foi o time dos funcionários do Senado, o mascote sou eu! à frente de meu pai João Aureliano (1). Reconheci o Velho Madruga (2), que era o presidente da associação, o Arnaldo da Contabilidade (6), o goleiro Darione (3), irmão do Nerione, Zezinho (4) de gorro, Diretor das Comissões e Luiz Monteiro (5) que também veio para Brasília e foi um inesquecível diretor Administrativo do Senado. A foto deve ser de 1950, quando os servidores do Senado foram jogar em Paquetá. Viajamos numa sexta, depois do expediente no Palácio Monroe e voltamos domingo à tarde para o Rio de Janeiro. Do resultado do jogo eu não lembro, mas foi uma diversão.”

Pelos idos dos anos 1950, os colegas do Senado, sócios da Associação Atlética Senado Federal – ô povo bom de se associar, esses funcionários do Senado – marcaram uma partida de futebol e passeio em Paquetá, ilha na baía de Guanabara. Quem nos faz o relato é Arnaldo Gomes, ex-diretor da Gráfica do Senado: “Foi o time dos funcionários do Senado, o mascote sou eu! à frente de meu pai João Aureliano (1). Reconheci o Velho Madruga (2), que era o presidente da associação, o Arnaldo da Contabilidade (6), o goleiro Darione (3), irmão do Nerione, Zezinho (4) de gorro, Diretor das Comissões e Luiz Monteiro (5) que também veio para Brasília e foi um inesquecível diretor Administrativo do Senado. A foto deve ser de 1950, quando os servidores do Senado foram jogar em Paquetá. Viajamos numa sexta, depois do expediente no Palácio Monroe e voltamos domingo à tarde para o Rio de Janeiro. Do resultado do jogo eu não lembro, mas foi uma diversão.”

Associação Atlética Serviço Gráfico

Associação Atlética Serviço Gráfico – AASG

Muito se fala do porquê do encerramento das atividades da associação do Serviço Gráfico. Há duas versões que explicariam o encerramento das atividades que levou, por consequência, ao fim do time de futebol.
Para Sinézio Justen da Silva, goleiro titular do time campeão de 1972, algumas regalias que eram dadas para os profissionais gráficos, atletas, criavam um certo mal- estar entre os servidores. “Por conta das partidas, os jogadores saíam antes de terminado o expediente para treinar e ainda havia a concentração que era feita nos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, levando a que os outros colegas reclamassem do tratamento dado a quem atuava no time de futebol”, diz o mineiro de Juiz de Fora que havia chegado a Brasília pouco antes de passar a formar no time da Gráfica.
Há os que dão a explicação mais simples, dizendo que a Assefe passara a aceitar a filiação de servidores da Gráfica o que deixava com função menor a AASG o que poderia levar ao seu esvaziamento. Diante dessa possibilidade a associação foi extinta em 1973.

Muito se fala do porquê do encerramento das atividades da associação do Serviço Gráfico. Há duas versões que explicariam o encerramento das atividades que levou, por consequência, ao fim do time de futebol.
Para Sinézio Justen da Silva, goleiro titular do time campeão de 1972, algumas regalias que eram dadas para os profissionais gráficos, atletas, criavam um certo mal- estar entre os servidores. “Por conta das partidas, os jogadores saíam antes de terminado o expediente para treinar e ainda havia a concentração que era feita nos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, levando a que os outros colegas reclamassem do tratamento dado a quem atuava no time de futebol”, diz o mineiro de Juiz de Fora que havia chegado a Brasília pouco antes de passar a formar no time da Gráfica.
Há os que dão a explicação mais simples, dizendo que a Assefe passara a aceitar a filiação de servidores da Gráfica o que deixava com função menor a AASG o que poderia levar ao seu esvaziamento. Diante dessa possibilidade a associação foi extinta em 1973.

Eraldo!

Eraldo!
Conheci Eraldo no início da década de 1990. Cearense, já não portava o corpo de um atleta de futebol da AASG que o técnico Rui Márcio colocava tanto no ataque – e era goleador – quanto na defesa. Sandália de couro, aquela que o nordestino incorpora como poucos ao uniforme do dia a dia, bom de conversa, ele me contava histórias de sua vida nos campos de futebol por Brasília. Se empolgava narrando suas atuações e me falando de nomes que se perderam na minha memória. Talvez minha memória não desse conta de que eu ouvia relatos que expressavam a cultura de um grupo profissional. Do tempo em que a impressão tipográfica tinha sua importância na Gráfica, Eraldo era exímio em sua função. Mas enquanto o braço da máquina subia e descia, ele tinha tempo para mostrar com o movimento de suas mãos o desenho de uma jogada.
Contava-me aos risos a atuação de seu irmão, lateral esquerdo, marcando Garrincha em um amistoso em Fortaleza. Irmãos, mãe, todos foram ao estádio assistir, mas o craque da família jogou só o primeiro tempo. Acabou substituído com o short rasgado pelo tanto de movimento que fazia na tentativa de marcar o 7 botafoguense. Ria solto lembrando dos gritos que dava para incentivar o irmão, “entra duro, não dê chance!”.
Um dia Eraldo pegou sua bolsa, recolheu seu jaleco azul de impressor e nunca mais nos vimos.
Deixou uma história de jogador, de impressor tipográfico, de bom colega.
Obrigado por todas as histórias.
Um abraço, Eraldo!
Conheci Eraldo no início da década de 1990. Cearense, já não portava o corpo de um atleta de futebol da AASG que o técnico Rui Márcio colocava tanto no ataque – e era goleador – quanto na defesa. Sandália de couro, aquela que o nordestino incorpora como poucos ao uniforme do dia a dia, bom de conversa, ele me contava histórias de sua vida nos campos de futebol por Brasília. Se empolgava narrando suas atuações e me falando de nomes que se perderam na minha memória. Talvez minha memória não desse conta de que eu ouvia relatos que expressavam a cultura de um grupo profissional. Do tempo em que a impressão tipográfica tinha sua importância na Gráfica, Eraldo era exímio em sua função. Mas enquanto o braço da máquina subia e descia, ele tinha tempo para mostrar com o movimento de suas mãos o desenho de uma jogada.
Contava-me aos risos a atuação de seu irmão, lateral esquerdo, marcando Garrincha em um amistoso em Fortaleza. Irmãos, mãe, todos foram ao estádio assistir, mas o craque da família jogou só o primeiro tempo. Acabou substituído com o short rasgado pelo tanto de movimento que fazia na tentativa de marcar o 7 botafoguense. Ria solto lembrando dos gritos que dava para incentivar o irmão, “entra duro, não dê chance!”.
Um dia Eraldo pegou sua bolsa, recolheu seu jaleco azul de impressor e nunca mais nos vimos.
Deixou uma história de jogador, de impressor tipográfico, de bom colega.
Obrigado por todas as histórias.
Um abraço, Eraldo!

Joberto Sant’ Anna

Presidente da Assefe