Skip to main content
g1

Nova espécie de perereca-de-capacete endêmica do Cerrado é descrita por pesquisadores

By 30 de outubro de 2024No Comments

Restrita ao Parque Nacional Grande Sertão Veredas, Nyctimantis diadorim recebe o nome em homenagem à obra de Guimarães Rosa. Nyctimantis diadorim, nova espécie de perereca-de-capacete endêmica do Cerrado
Reuber Brandão
Em um estudo publicado em neste mês na revista científica Herpetologica, pesquisadores brasileiros descreveram uma nova espécie de perereca-de-capacete do gênero Nyctimantis. O anfíbio é endêmico do bioma Cerrado.
O anfíbio, que recebeu o nome de Nyctimantis diadorim, em homenagem a personagem Diadorim da obra “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, ocorre apenas no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, unidade de conservação brasileira localizada na divisa dos estados de Minas Gerais e Bahia.
Em entrevista ao Terra da Gente, o biólogo Reuber Albuquerque Brandão, um dos autores do artigo, conta que viu a espécie pela primeira vez em 2011, enquanto pesquisadores conduziam um inventário das espécies de anfíbios do parque.
“Quando pediram que eu ajudasse na identificação dos exemplares coletados, quase caí para trás com o primeiro exemplar de Nyctimantis diadorim. Era uma fêmea, claramente uma perereca-de-capacete, um grupo de espécies que possuem diferentes graus de ossificação óssea”, diz Reuber.
Segundo ele, essas espécies costumam se reproduzir em apenas poucos dias no ano, usualmente menos de uma semana, geralmente com as primeiras fortes chuvas do ano. Com isso, não são espécies fáceis de encontrar na natureza.
Nyctimantis diadorim
Reuber Brandão
O exemplar tinha características que indicavam se tratar de uma nova espécie. Na época, o grupo de pererecas-de-capacete, pertencente a uma linhagem com 86 espécies que estava em revisão. No entanto, somente com base na morfologia externa, sem análise do esqueleto ou DNA, não era possível definir o gênero dela e nem as espécies mais próximas.
Para resolver essas questões, era necessário saber mais sobre a espécie – localização, canto, forma do girino, entre outros dados. A partir daí, o biólogo organizou uma expedição ao Parque Nacional Grande Sertão Veredas, que aconteceu em dezembro de 2015.
Ao decorrer da jornada, conseguiram encontrar sete pererecas da espécie. Infelizmente, não conseguiram captar nenhum canto e nem localizar girinos, mas com os dados coletados, já era possível aprofundar o entendimento sobre ela.
“Descrever uma espécie não é uma atividade usual e pode levar anos entre a identificação da espécie nova até sua descrição formal. E isso pode ser ainda mais complicado se, no meio do caminho, ainda nasce seu filho caçula e acontece uma pandemia global. A vida não para e, com isso, alguns projetos tendem a andar mais lentamente”, afirma Reuber Brandão.
Pesquisadores comemorando o encontro com o bicho, no Parque Nacional Grande Sertão Veredas
Reuber Brandão
Durante esse período, foi publicada uma revisão taxonômica das pererecas-de-capacete, incluindo DNA da espécie ainda não descrita, liderada por pesquisadores do Museu Argentino de Ciências Naturais. O estudo foi crucial para definir relações de parentesco, previamente analisadas por Reuber e Adrian Garda, da UFRN, além de redefinir o gênero Nyctimantis, que passou de uma para sete espécies após as mudanças taxonômicas propostas.
Depois isso, foi hora de juntar toda a informação já gerada e finalmente descrever a N. diadorim. Após 13 anos do primeiro encontro com o anfíbio, o pesquisador submeteu o artigo em março de 2024. “Estamos planejando mais expedições ainda esse ano para tentarmos encontrar girinos e gravar o canto da espécie”, informa o biólogo.
Origem do nome
Reuber conta ser grande fã de “Grande Sertão: Veredas” e que seu filho mais velho até adicionou Diadorim ao próprio nome em homenagem a grande paixão do pai. O biólogo também descreveu e nomeou outras espécies em alusão a obra, como o sapo-cururu Rhinella veredas, em 2009. “Julgo que é a mais importante caracterização do Cerrado entre o fim do século XIX e início do século XX”, afirma.
Diadorim é uma das personagens mais enigmáticas e fascinantes do romance de Guimarães Rosa, sendo apresentada como um jagunço habilidoso e misterioso, que luta ao lado de Riobaldo, o protagonista e narrador da história.
A atriz Luisa Arraes interpreta Diadorim no filme ‘Grande Sertão’, de 2024
Helena Barreto/Divulgação
Desde o início, Diadorim é uma figura de coragem, com um ar de mistério e uma determinação inabalável. O que poucos sabem, porém, é que Diadorim é, na verdade, uma mulher chamada Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins, que esconde sua identidade para fazer parte do bando de jagunços e se vingar da morte de seu pai, o líder Joca Ramiro.
“A história de amor reprimido e tragédia de Diadorim, além de sua forte determinação, a tornam uma das personagens mais atraentes do livro. Tanto a Diadorim do romance como a Nyctimantis diadorim são guerreiras elusivas, lutando para viverem em uma paisagem belíssima, mas repleta de perigos chamada Cerrado”, relata Reuber.
De forma curiosa, quando Riobaldo busca os documentos de Diadorim na paróquia de Itacarambi, próximo à conclusão da história, descobre-se que Diadorim nasceu na data na qual comemoramos o Dia do Cerrado, em 11 de setembro.
“Descrever uma espécie é muito importante porque sem um nome, não há como criar políticas de conservação para um organismo. O encontro de espécies ainda não descritas é relativamente comum no Brasil, mas o ritmo no qual são descritas e, quando necessário, recebem medidas efetivas de proteção, é bem menor que o ritmo de desmatamento do bioma”, explica.
A espécie
Até o momento, a Nyctimantis diadorim é conhecida apenas do Parque Nacional Grande Sertão Veredas – uma unidade de conservação de proteção integral. Ainda não se sabe se ela ocorre em outros locais, por isso a população do parque é essencial para a sobrevivência da espécie.
“Esperamos que novas populações sejam encontradas, mas ter o parque como localidade-tipo da espécie (local da população mais característica da espécie) é uma garantia extremamente importante para a sua conservação. Isso se, no atual ataque aos parques nacionais por quem busca sua ocupação por pessoas ou por soja, esse parque continuar existindo”, diz Reuber.
Até o momento, Nyctimantis diadorim é conhecida apenas do Parque Nacional Grande Sertão Veredas
Reuber Brandão
É importante notar que outras espécies do gênero Nyctimantis, como Nyctimantis pomba e Nyctimantis galeata, são também conhecidas apenas em sua localidade-tipo e são consideradas ameaçadas. Outras espécies do gênero tem requerido atenção quanto à sua conservação, como Nyctimantis arapapa e Nyctimantis siemersi.
Segundo o pesquisador, como foi recentemente descrita e ainda é pouco estudada, não é possível afirmar o nível de ameaça de Nyctimantis diadorim. Entretanto, sua dependência de matas paludosas, que estão secando devido ao rebaixamento do lençol freático no Cerrado, levanta preocupações, especialmente com o risco de incêndios nesse ambiente.
Até hoje, novas espécies de vertebrados ainda são descobertas no Cerrado, um bioma que já teve 50% do seu território destruído. Isso muitas vezes ocorre sem que áreas inteiras tenham sido estudadas, levando à possível perda de espécies antes que suas histórias evolutivas e possibilidades biotecnológicas fossem sequer conhecidas.
Os pesquisadores ainda sabem pouco sobre os hábitos de N. diadorim, mas sabem que a espécie está associada às florestas paludosas, matas alagadas do Cerrado, com solo pouco agregado e sem curso de água bem estabelecido. Essas matas representam uma pequena parcela do Cerrado e são extremamente sensíveis ao fogo.
“Vamos agora continuar os estudos, incluindo estudos anatômicos e histológicos visando verificar a eventual distribuição de glândulas na espécie. Eventualmente, a cooperação com outros laboratórios ajude a desvendar também que substâncias estão na pele dela e de que forma essas substâncias atuam”, finaliza.
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
VÍDEOS: Destaques Terra da Gente

Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

Caso você tenha alguma parcela de sócio que não esteja paga e queira ficar em dia com a Associação, procure o Valdemir Oliveira na Portaria e apresente uma proposta de pagamento em até 12 vezes.
Queremos ter você de volta!

O time campeão em 1972

O time campeão em 1972

1. Geraldo Brito, Administração; 2. Dr. Paulo Menezes, Serviço Médico; 3. Hélio Buani, diretor Industrial da Gráfica; 4. Vavá, Coordenação; 5. Melão,Melinho, Manutenção Industrial; 6. Juarez, convidado; 7. Érito, Chaveirinho, Paraguaio; 8. Manoel, goleiro, filho do Dr. Ary, dentista do Serviço Médico; 9. Sinézio, goleiro, Manutenção; 10. Eraldo, Impressão Tipográfica; 11. Eurípedes Maninho, Linotipo; 12. Ximenes, Fotolito; 13. César, convidado; 14. Luis Mendonça, mascote, filho do Luis do Trombone, porteiro da Gráfica; 15. Eduardo, Expedição; 16. Celino, convidado; 17. Dazinho, convidado; 18. Walmir, Administração; 19. Tião, Manutenção.

1. Geraldo Brito, Administração; 2. Dr. Paulo Menezes, Serviço Médico; 3. Hélio Buani, diretor Industrial da Gráfica; 4. Vavá, Coordenação; 5. Melão,Melinho, Manutenção Industrial; 6. Juarez, convidado; 7. Érito, Chaveirinho, Paraguaio; 8. Manoel, goleiro, filho do Dr. Ary, dentista do Serviço Médico; 9. Sinézio, goleiro, Manutenção; 10. Eraldo, Impressão Tipográfica; 11. Eurípedes Maninho, Linotipo; 12. Ximenes, Fotolito; 13. César, convidado; 14. Luis Mendonça, mascote, filho do Luis do Trombone, porteiro da Gráfica; 15. Eduardo, Expedição; 16. Celino, convidado; 17. Dazinho, convidado; 18. Walmir, Administração; 19. Tião, Manutenção.

Um passeio em Paquetá

Associação Atlética Senado Federal

Um passeio em Paquetá

Pelos idos dos anos 1950, os colegas do Senado, sócios da Associação Atlética Senado Federal – ô povo bom de se associar, esses funcionários do Senado – marcaram uma partida de futebol e passeio em Paquetá, ilha na baía de Guanabara. Quem nos faz o relato é Arnaldo Gomes, ex-diretor da Gráfica do Senado: “Foi o time dos funcionários do Senado, o mascote sou eu! à frente de meu pai João Aureliano (1). Reconheci o Velho Madruga (2), que era o presidente da associação, o Arnaldo da Contabilidade (6), o goleiro Darione (3), irmão do Nerione, Zezinho (4) de gorro, Diretor das Comissões e Luiz Monteiro (5) que também veio para Brasília e foi um inesquecível diretor Administrativo do Senado. A foto deve ser de 1950, quando os servidores do Senado foram jogar em Paquetá. Viajamos numa sexta, depois do expediente no Palácio Monroe e voltamos domingo à tarde para o Rio de Janeiro. Do resultado do jogo eu não lembro, mas foi uma diversão.”

Pelos idos dos anos 1950, os colegas do Senado, sócios da Associação Atlética Senado Federal – ô povo bom de se associar, esses funcionários do Senado – marcaram uma partida de futebol e passeio em Paquetá, ilha na baía de Guanabara. Quem nos faz o relato é Arnaldo Gomes, ex-diretor da Gráfica do Senado: “Foi o time dos funcionários do Senado, o mascote sou eu! à frente de meu pai João Aureliano (1). Reconheci o Velho Madruga (2), que era o presidente da associação, o Arnaldo da Contabilidade (6), o goleiro Darione (3), irmão do Nerione, Zezinho (4) de gorro, Diretor das Comissões e Luiz Monteiro (5) que também veio para Brasília e foi um inesquecível diretor Administrativo do Senado. A foto deve ser de 1950, quando os servidores do Senado foram jogar em Paquetá. Viajamos numa sexta, depois do expediente no Palácio Monroe e voltamos domingo à tarde para o Rio de Janeiro. Do resultado do jogo eu não lembro, mas foi uma diversão.”

Associação Atlética Serviço Gráfico

Associação Atlética Serviço Gráfico – AASG

Muito se fala do porquê do encerramento das atividades da associação do Serviço Gráfico. Há duas versões que explicariam o encerramento das atividades que levou, por consequência, ao fim do time de futebol.
Para Sinézio Justen da Silva, goleiro titular do time campeão de 1972, algumas regalias que eram dadas para os profissionais gráficos, atletas, criavam um certo mal- estar entre os servidores. “Por conta das partidas, os jogadores saíam antes de terminado o expediente para treinar e ainda havia a concentração que era feita nos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, levando a que os outros colegas reclamassem do tratamento dado a quem atuava no time de futebol”, diz o mineiro de Juiz de Fora que havia chegado a Brasília pouco antes de passar a formar no time da Gráfica.
Há os que dão a explicação mais simples, dizendo que a Assefe passara a aceitar a filiação de servidores da Gráfica o que deixava com função menor a AASG o que poderia levar ao seu esvaziamento. Diante dessa possibilidade a associação foi extinta em 1973.

Muito se fala do porquê do encerramento das atividades da associação do Serviço Gráfico. Há duas versões que explicariam o encerramento das atividades que levou, por consequência, ao fim do time de futebol.
Para Sinézio Justen da Silva, goleiro titular do time campeão de 1972, algumas regalias que eram dadas para os profissionais gráficos, atletas, criavam um certo mal- estar entre os servidores. “Por conta das partidas, os jogadores saíam antes de terminado o expediente para treinar e ainda havia a concentração que era feita nos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, levando a que os outros colegas reclamassem do tratamento dado a quem atuava no time de futebol”, diz o mineiro de Juiz de Fora que havia chegado a Brasília pouco antes de passar a formar no time da Gráfica.
Há os que dão a explicação mais simples, dizendo que a Assefe passara a aceitar a filiação de servidores da Gráfica o que deixava com função menor a AASG o que poderia levar ao seu esvaziamento. Diante dessa possibilidade a associação foi extinta em 1973.

Eraldo!

Eraldo!
Conheci Eraldo no início da década de 1990. Cearense, já não portava o corpo de um atleta de futebol da AASG que o técnico Rui Márcio colocava tanto no ataque – e era goleador – quanto na defesa. Sandália de couro, aquela que o nordestino incorpora como poucos ao uniforme do dia a dia, bom de conversa, ele me contava histórias de sua vida nos campos de futebol por Brasília. Se empolgava narrando suas atuações e me falando de nomes que se perderam na minha memória. Talvez minha memória não desse conta de que eu ouvia relatos que expressavam a cultura de um grupo profissional. Do tempo em que a impressão tipográfica tinha sua importância na Gráfica, Eraldo era exímio em sua função. Mas enquanto o braço da máquina subia e descia, ele tinha tempo para mostrar com o movimento de suas mãos o desenho de uma jogada.
Contava-me aos risos a atuação de seu irmão, lateral esquerdo, marcando Garrincha em um amistoso em Fortaleza. Irmãos, mãe, todos foram ao estádio assistir, mas o craque da família jogou só o primeiro tempo. Acabou substituído com o short rasgado pelo tanto de movimento que fazia na tentativa de marcar o 7 botafoguense. Ria solto lembrando dos gritos que dava para incentivar o irmão, “entra duro, não dê chance!”.
Um dia Eraldo pegou sua bolsa, recolheu seu jaleco azul de impressor e nunca mais nos vimos.
Deixou uma história de jogador, de impressor tipográfico, de bom colega.
Obrigado por todas as histórias.
Um abraço, Eraldo!
Conheci Eraldo no início da década de 1990. Cearense, já não portava o corpo de um atleta de futebol da AASG que o técnico Rui Márcio colocava tanto no ataque – e era goleador – quanto na defesa. Sandália de couro, aquela que o nordestino incorpora como poucos ao uniforme do dia a dia, bom de conversa, ele me contava histórias de sua vida nos campos de futebol por Brasília. Se empolgava narrando suas atuações e me falando de nomes que se perderam na minha memória. Talvez minha memória não desse conta de que eu ouvia relatos que expressavam a cultura de um grupo profissional. Do tempo em que a impressão tipográfica tinha sua importância na Gráfica, Eraldo era exímio em sua função. Mas enquanto o braço da máquina subia e descia, ele tinha tempo para mostrar com o movimento de suas mãos o desenho de uma jogada.
Contava-me aos risos a atuação de seu irmão, lateral esquerdo, marcando Garrincha em um amistoso em Fortaleza. Irmãos, mãe, todos foram ao estádio assistir, mas o craque da família jogou só o primeiro tempo. Acabou substituído com o short rasgado pelo tanto de movimento que fazia na tentativa de marcar o 7 botafoguense. Ria solto lembrando dos gritos que dava para incentivar o irmão, “entra duro, não dê chance!”.
Um dia Eraldo pegou sua bolsa, recolheu seu jaleco azul de impressor e nunca mais nos vimos.
Deixou uma história de jogador, de impressor tipográfico, de bom colega.
Obrigado por todas as histórias.
Um abraço, Eraldo!

Joberto Sant’ Anna

Presidente da Assefe