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Polícia e MP cumprem mandados de busca e apreensão na sede da Mancha Alviverde; 6 palmeirenses continuam sendo procurados

By 1 de novembro de 2024No Comments

Felipe Santos, o ‘Fezinho’, aparece reunido com integrantes da torcida organizada em praça perto de rodovia na Grande SP, no domingo (27). Ele e mais 5 palmeirenses são procurados por morte de torcedor do Cruzeiro. Imagens mostram palmeirenses se preparando para emboscar cruzeirenses
A polícia estava cumprindo na manhã desta sexta-feira (1º) mandados judiciais de busca e apreensão na sede da Mancha Alviverde, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. Neste semana a Justiça determinou que agentes apreendam computadores, documentos e outros objetos na principal torcida organizada do Palmeiras.
Além disso, decretou as prisões temporárias de seis palmeirenses da Mancha, entre eles, o presidente, o vice e um diretor. Até a última atualização desta reportagem nenhum dos investigados havia se entregado ou sido preso pelas autoridades.
Novos vídeos mostram o vice-presidente da Mancha Alviverde, Felipe Mattos dos Santos, o “Fezinho”, e outros torcedores, dessa que é a principal torcida organizada do Palmeiras, reunidos cerca de 1 hora e 30 minutos antes da emboscada que deixou um cruzeirense da Máfia Azul morto e outros 17 feridos (veja acima).
Também é possível ver um grupo de palmeirenses caminhando com barras de ferro e ouvir o barulho delas quando tocam o chão. O ataque contra a torcida do Cruzeiro ocorreu por volta das 5h do último domingo (27) na Rodovia Fernão Dias em Mairiporã, Grande São Paulo.
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As imagens e as informações acima fazem parte do inquérito da Polícia Civil e do Ministério Público (MP) de São Paulo que apuram os crimes de homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e tumulto com violência — este no âmbito da Lei Geral do Esporte.
As gravações foram feitas pela câmera monitoramento da Guarda-Civil Municipal (GCM) de Mairiporã e por testemunhas.
Os membros da Mancha aparecem reunidos numa praça próxima ao posto de pedágio em Mairiporã. Segundo as autoridades, as cenas ajudaram a identificar “Fezinho”, o vice da Mancha, usando uma roupa camuflada verde parecida com um traje militar.
Ao lado dele estão outros integrantes da torcida que ainda não foram identificados. Eles usam capuzes, capacetes. Alguns chegaram ao local em carros e motos. Segundo a investigação, os palmeirenses deixaram a praça caminhando e carregando as barras de ferro em direção à rodovia.
Lá, eles jogaram “miguelitos” (pregos retorcidos na pista) para furar os pneus dos ônibus dos cruzeirenses e obrigá-los a parar. Um dos veículos foi incendiado e outro depredado.
Um torcedor do Cruzeiro morreu e outros 17 cruzeirenses ficaram feridos após o ataque. Outros vídeos, feitos pelos próprios palmeirenses, mostram eles agredindo os rivais.
Segundo a investigação das autoridades, os palmeirenses atacaram os cruzeirenses para se vingar de um ataque que haviam sofrido deles em 2022 em Minas Gerais.
Os seis palmeirenses que tiveram as prisões decretadas (da esquerda para a direita): Jorge Santos, Leandro Santos e Aurélio Lima (na primeira linha); Felipe Santos, Henrique Lelis e Neilo Silva (na segunda linha) — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Reprodução/Arquivo pessoal
A Justiça de São Paulo decretou na quarta-feira (30) as prisões temporárias de “Fezinho” e de mais cinco palmeirenses. Eles foram identificados em vídeos que constam no relatório policial e da Promotoria. Também foram ouvidos depoimentos de testemunhas e sobreviventes.
A Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) da polícia e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP apontaram o envolvimento de membros da cúpula da Mancha no ataque aos cruzeirenses da Máfia.
Entre eles também estão Jorge Luiz Sampaio Santos, presidente da Mancha e Leandro Gomes dos Santos, o “Leandrinho”, diretor da torcida. Os outros três palmeirenses da organizada que tiveram as prisões decretadas são Henrique Moreira Lelis, o “Ditão Mancha”; Aurélio Andrade de Lima e Neilo Ferreira e Silva, o “Lagartixa”, professor de boxe e muai thai.
Até a última atualização desta reportagem todos os seis integrantes da Mancha continuavam sendo procurados pela polícia. Eles não haviam se entregado ou sido presos. Todos são considerados foragidos da Justiça. As prisões temporárias são de 30 dias.
Quem tiver informações sobre o paradeiro dos investigados pode telefonar para o Disque-Denúncia pelo número 181. Não é preciso se identificar.
Além de decretar as prisões, a Justiça também determinou que a polícia cumprisse mandados de busca e apreensão. Um dos endereços é o da sede da organizada.
Até a última atualização desta reportagem, dois cruzeirenses continuavam internados em hospitais de Mairiporã e Franco da Rocha, na região metropolitana.
Polícia e MP pedem à Justiça prisão de seis palmeirenses por emboscada que matou cruzeirense
A Drade conseguiu identificar mais outros dois torcedores ligados à Mancha Alviverde que participaram da emboscada contra torcedores do Cruzeiro após analisar mais vídeos. As prisões deles não foram pedidas. Seus nomes também não foram divulgados.
A Promotoria apura o envolvimento de torcidas que agem como “facções criminosas”. Segundo a Drade e o Gaeco.
O g1 e a TV Globo apuraram que o Ministério Público foi favorável aos pedidos de prisões feitos pela polícia por causa do risco de fuga dos suspeitos e que eles destruam provas dos crimes. Os promotores destacaram que as imagens refletem banalização da violência e crença absoluta na impunidade.
Torcida organizada proibida de ir a estádios
Jorge Luiz Sampaio Santos, presidente da Mancha Alviverde
Reprodução/Rede social
Nesta quarta-feira (30), a Federação Paulista de Futebol (FPF) divulgou comunicado interno informando que irá acatar a recomendação do MP para proibir a presença da Mancha Alviverde ou de torcedores com seus uniformes e bandeiras em estádios de futebol no estado de São Paulo.
A TV Globo e o g1 tentam contato com a Mancha Alviverde para comentar a decretação das prisões dos seis torcedores palmeirense. E também para comentarem a decisão da Federação Paulista de Futebol que proibiu a entrada da torcida organizada em partidas de futebol no estado de São Paulo.
Em suas páginas oficiais na internet, a direção da Mancha Alviverde negou que tenha organizado, participado ou incentivado qualquer ação relacionada a emboscada contra os cruzeirenses. E que não se responsabiliza por ações isoladas de palmeirenses envolvidos no ataque. A torcida informou ainda que lamenta profundamente o que ocorreu e que repudia com “veemência” a violência.
A direção da Máfia Azul se manifestou em suas redes sociais na web. No Instagram, a torcida fez postagens com mensagens repudiando o ataque dos palmeirenses contra cruzeirenses. Numa delas, escreveu que “o choro da mãe do seu rival não traz a alegria da sua”.
O Palmeiras informou por meio de nota enviada à TV Globo que repudia as cenas de violência do final de semana envolvendo torcedores do clube contra a torcida do Cruzeiro. E defendeu uma punição rigorosa para os criminosos.
O Cruzeiro também se manifestou informando por sua rede social que “lamenta profundamente” mais um episódio de violência. E que é preciso dar um basta a atos criminosos.
‘Tropa do Jorge’, gritaram palmeirenses
Ônibus foram destruídos durante briga entre torcedores de Palmeiras e Cruzeiro na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, na Grande SP
Montagem/g1
José Victor morreu após emboscada da torcida do Palmeiras contra a do Cruzeiro
Reprodução/facebook
Filmagens feitas pelos próprios palmeirenses viralizaram nas redes sociais. Eles mostram como eles atacaram cruzeirenses no domingo passado em Mairiporã.
Nos vídeos é possível ver e ouvir os torcedores da Mancha Alviverde gritando contra cruzeirenses feridos no chão que são membros da “tropa do Jorge”, numa alusão ao presidente da torcida organizada do Palmeiras. Nesse momento é possível ver o palmeirense pisando na cabeça do torcedor do Cruzeiro.
O cruzeirense morto é José Victor Miranda, torcedor da Máfia Azul,. Ele tinha 30 anos e, segundo seus parentes informaram à reportagem, a vítima estava dentro de um ônibus que foi incendiado e acabou sofrendo queimaduras fatais. Um laudo pericial da polícia irá apontar oficialmente a causa da morte. O exame ainda não ficou pronto.
Briga de 2022 pode ter motivado emboscada
Organizadas de Cruzeiro e Palmeiras se enfrentam na rodovia Fernão Dias, em MG
As autoridades apreenderam 12 barras de ferro, dois pedaços de madeira, cinco rojões e duas bolas de sinuca.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os palmeirenses tinham acompanhado o empate por 2 a 2 entre o Palmeiras e o Fortaleza, no sábado (26) na capital paulista. Os cruzeirenses, de acordo com os policiais, retornavam de Curitiba, no Paraná, onde o Cruzeiro perdeu por 3 a 0 para o Atlético Paranaense. Todas as equipes disputam o Campeonato Brasileiro de futebol masculino.
De acordo com as investigações da polícia e do MP, os palmeirenses quiseram se vingar dos cruzeirenses por causa de uma briga ocorrida em 29 de setembro de 2022. À época, integrantes da Máfia Azul atacaram membros da Mancha Alviverde. O confronto deixou quatro pessoas baleadas e outras dez feridas, entre elas o presidente Jorge Santos, num pedágio numa rodovia em Carmópolis de Minas.
À época, um vídeo compartilhado na internet mostrou um palmeirense caído no asfalto enquanto era agredido. Era possível ouvir os agressores dizendo: “A Mancha perdeu, não bate mais não, não bate mais não” (veja acima).
Em outras filmagens, o presidente da Mancha, Jorge aparecia sangrando enquanto cruzeirenses exibiam a sua carteira de identidade como uma espécie de “troféu”.
Segundo o jornalista Adriano Wilkson, autor do podcast Sobre Meninos e Porcos, a rivalidade entre a Mancha Alviverde e a Máfia Azul tem mais de 30 anos (veja vídeo abaixo).

Rivalidade entre as torcidas de Palmeiras e Cruzeiro é antiga; neste domingo, uma pessoa morreu e 17 ficaram feridas num confronto entre organizadas dos dois times

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O time campeão em 1972

O time campeão em 1972

1. Geraldo Brito, Administração; 2. Dr. Paulo Menezes, Serviço Médico; 3. Hélio Buani, diretor Industrial da Gráfica; 4. Vavá, Coordenação; 5. Melão,Melinho, Manutenção Industrial; 6. Juarez, convidado; 7. Érito, Chaveirinho, Paraguaio; 8. Manoel, goleiro, filho do Dr. Ary, dentista do Serviço Médico; 9. Sinézio, goleiro, Manutenção; 10. Eraldo, Impressão Tipográfica; 11. Eurípedes Maninho, Linotipo; 12. Ximenes, Fotolito; 13. César, convidado; 14. Luis Mendonça, mascote, filho do Luis do Trombone, porteiro da Gráfica; 15. Eduardo, Expedição; 16. Celino, convidado; 17. Dazinho, convidado; 18. Walmir, Administração; 19. Tião, Manutenção.

1. Geraldo Brito, Administração; 2. Dr. Paulo Menezes, Serviço Médico; 3. Hélio Buani, diretor Industrial da Gráfica; 4. Vavá, Coordenação; 5. Melão,Melinho, Manutenção Industrial; 6. Juarez, convidado; 7. Érito, Chaveirinho, Paraguaio; 8. Manoel, goleiro, filho do Dr. Ary, dentista do Serviço Médico; 9. Sinézio, goleiro, Manutenção; 10. Eraldo, Impressão Tipográfica; 11. Eurípedes Maninho, Linotipo; 12. Ximenes, Fotolito; 13. César, convidado; 14. Luis Mendonça, mascote, filho do Luis do Trombone, porteiro da Gráfica; 15. Eduardo, Expedição; 16. Celino, convidado; 17. Dazinho, convidado; 18. Walmir, Administração; 19. Tião, Manutenção.

Um passeio em Paquetá

Associação Atlética Senado Federal

Um passeio em Paquetá

Pelos idos dos anos 1950, os colegas do Senado, sócios da Associação Atlética Senado Federal – ô povo bom de se associar, esses funcionários do Senado – marcaram uma partida de futebol e passeio em Paquetá, ilha na baía de Guanabara. Quem nos faz o relato é Arnaldo Gomes, ex-diretor da Gráfica do Senado: “Foi o time dos funcionários do Senado, o mascote sou eu! à frente de meu pai João Aureliano (1). Reconheci o Velho Madruga (2), que era o presidente da associação, o Arnaldo da Contabilidade (6), o goleiro Darione (3), irmão do Nerione, Zezinho (4) de gorro, Diretor das Comissões e Luiz Monteiro (5) que também veio para Brasília e foi um inesquecível diretor Administrativo do Senado. A foto deve ser de 1950, quando os servidores do Senado foram jogar em Paquetá. Viajamos numa sexta, depois do expediente no Palácio Monroe e voltamos domingo à tarde para o Rio de Janeiro. Do resultado do jogo eu não lembro, mas foi uma diversão.”

Pelos idos dos anos 1950, os colegas do Senado, sócios da Associação Atlética Senado Federal – ô povo bom de se associar, esses funcionários do Senado – marcaram uma partida de futebol e passeio em Paquetá, ilha na baía de Guanabara. Quem nos faz o relato é Arnaldo Gomes, ex-diretor da Gráfica do Senado: “Foi o time dos funcionários do Senado, o mascote sou eu! à frente de meu pai João Aureliano (1). Reconheci o Velho Madruga (2), que era o presidente da associação, o Arnaldo da Contabilidade (6), o goleiro Darione (3), irmão do Nerione, Zezinho (4) de gorro, Diretor das Comissões e Luiz Monteiro (5) que também veio para Brasília e foi um inesquecível diretor Administrativo do Senado. A foto deve ser de 1950, quando os servidores do Senado foram jogar em Paquetá. Viajamos numa sexta, depois do expediente no Palácio Monroe e voltamos domingo à tarde para o Rio de Janeiro. Do resultado do jogo eu não lembro, mas foi uma diversão.”

Associação Atlética Serviço Gráfico

Associação Atlética Serviço Gráfico – AASG

Muito se fala do porquê do encerramento das atividades da associação do Serviço Gráfico. Há duas versões que explicariam o encerramento das atividades que levou, por consequência, ao fim do time de futebol.
Para Sinézio Justen da Silva, goleiro titular do time campeão de 1972, algumas regalias que eram dadas para os profissionais gráficos, atletas, criavam um certo mal- estar entre os servidores. “Por conta das partidas, os jogadores saíam antes de terminado o expediente para treinar e ainda havia a concentração que era feita nos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, levando a que os outros colegas reclamassem do tratamento dado a quem atuava no time de futebol”, diz o mineiro de Juiz de Fora que havia chegado a Brasília pouco antes de passar a formar no time da Gráfica.
Há os que dão a explicação mais simples, dizendo que a Assefe passara a aceitar a filiação de servidores da Gráfica o que deixava com função menor a AASG o que poderia levar ao seu esvaziamento. Diante dessa possibilidade a associação foi extinta em 1973.

Muito se fala do porquê do encerramento das atividades da associação do Serviço Gráfico. Há duas versões que explicariam o encerramento das atividades que levou, por consequência, ao fim do time de futebol.
Para Sinézio Justen da Silva, goleiro titular do time campeão de 1972, algumas regalias que eram dadas para os profissionais gráficos, atletas, criavam um certo mal- estar entre os servidores. “Por conta das partidas, os jogadores saíam antes de terminado o expediente para treinar e ainda havia a concentração que era feita nos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, levando a que os outros colegas reclamassem do tratamento dado a quem atuava no time de futebol”, diz o mineiro de Juiz de Fora que havia chegado a Brasília pouco antes de passar a formar no time da Gráfica.
Há os que dão a explicação mais simples, dizendo que a Assefe passara a aceitar a filiação de servidores da Gráfica o que deixava com função menor a AASG o que poderia levar ao seu esvaziamento. Diante dessa possibilidade a associação foi extinta em 1973.

Eraldo!

Eraldo!
Conheci Eraldo no início da década de 1990. Cearense, já não portava o corpo de um atleta de futebol da AASG que o técnico Rui Márcio colocava tanto no ataque – e era goleador – quanto na defesa. Sandália de couro, aquela que o nordestino incorpora como poucos ao uniforme do dia a dia, bom de conversa, ele me contava histórias de sua vida nos campos de futebol por Brasília. Se empolgava narrando suas atuações e me falando de nomes que se perderam na minha memória. Talvez minha memória não desse conta de que eu ouvia relatos que expressavam a cultura de um grupo profissional. Do tempo em que a impressão tipográfica tinha sua importância na Gráfica, Eraldo era exímio em sua função. Mas enquanto o braço da máquina subia e descia, ele tinha tempo para mostrar com o movimento de suas mãos o desenho de uma jogada.
Contava-me aos risos a atuação de seu irmão, lateral esquerdo, marcando Garrincha em um amistoso em Fortaleza. Irmãos, mãe, todos foram ao estádio assistir, mas o craque da família jogou só o primeiro tempo. Acabou substituído com o short rasgado pelo tanto de movimento que fazia na tentativa de marcar o 7 botafoguense. Ria solto lembrando dos gritos que dava para incentivar o irmão, “entra duro, não dê chance!”.
Um dia Eraldo pegou sua bolsa, recolheu seu jaleco azul de impressor e nunca mais nos vimos.
Deixou uma história de jogador, de impressor tipográfico, de bom colega.
Obrigado por todas as histórias.
Um abraço, Eraldo!
Conheci Eraldo no início da década de 1990. Cearense, já não portava o corpo de um atleta de futebol da AASG que o técnico Rui Márcio colocava tanto no ataque – e era goleador – quanto na defesa. Sandália de couro, aquela que o nordestino incorpora como poucos ao uniforme do dia a dia, bom de conversa, ele me contava histórias de sua vida nos campos de futebol por Brasília. Se empolgava narrando suas atuações e me falando de nomes que se perderam na minha memória. Talvez minha memória não desse conta de que eu ouvia relatos que expressavam a cultura de um grupo profissional. Do tempo em que a impressão tipográfica tinha sua importância na Gráfica, Eraldo era exímio em sua função. Mas enquanto o braço da máquina subia e descia, ele tinha tempo para mostrar com o movimento de suas mãos o desenho de uma jogada.
Contava-me aos risos a atuação de seu irmão, lateral esquerdo, marcando Garrincha em um amistoso em Fortaleza. Irmãos, mãe, todos foram ao estádio assistir, mas o craque da família jogou só o primeiro tempo. Acabou substituído com o short rasgado pelo tanto de movimento que fazia na tentativa de marcar o 7 botafoguense. Ria solto lembrando dos gritos que dava para incentivar o irmão, “entra duro, não dê chance!”.
Um dia Eraldo pegou sua bolsa, recolheu seu jaleco azul de impressor e nunca mais nos vimos.
Deixou uma história de jogador, de impressor tipográfico, de bom colega.
Obrigado por todas as histórias.
Um abraço, Eraldo!

Joberto Sant’ Anna

Presidente da Assefe