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Um dos dois únicos padres exorcistas de SC relata possessões e rituais: ‘Ele entra e sai calado’

By 23 de fevereiro de 2025No Comments

Padre Carlos, hoje com 59 anos, esclarece que a prática não é uma profissão ou uma qualificação – e sim, um dom. Ele vive sozinho na igreja onde realiza os atendimentos. Conheça o padre exorcista de Santa Catarina
Longe da atmosfera sombria retratada em filmes de terror, o Eremitério Diocesano Santa Maria dos Anjos, em São João do Itaperiú, é o local onde vive um dos dois padres exorcistas de Santa Catarina nomeados mela Igreja Católica. O sacerdote Carlos Afonso Gonçalves de Sousa, hoje aos 59 anos, logo esclarece que a prática não é uma profissão ou uma qualificação – e sim, um dom.
Desde 2010, o sacerdote vive em isolamento, dedicando-se à oração e ao atendimento de fiéis, auxiliares e pessoas em busca de conselhos. Mas sua rotina pacata é interrompida por encontros com o próprio diabo, que passou a frequentar o local desde que o padre Carlos se tornou exorcista.
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“O diabo vem aqui desde 2022, quando eu comecei. Ele entra e sai calado. Um dia, com uma jovem de 14 anos aqui, possessa, eu mandei ele calar a boca. Aí, desde então, quando a possessão muda, eu sei que é ele. A gente sabe e sente a energia também. A energia é a pior que tem “, conta o padre depois de fazer uma oração.
Ele explica que a atividade de exorcismo é um dom concedido a pessoas com um espírito forte, iluminado e de oração. Por isso, é necessário ser escolhido por Deus e nomeado pelo bispo, como ele foi por Dom Francisco Carlos Bach, bispo de Joinville, a maior cidade da região.
“O bispo escolhe, não somos nós”, afirma o padre Carlos. “Eu nunca imaginei, nunca que ia pedir um negócio desses. Fazer um trabalho desse. A minha vida é um absurdo porque eu nunca pensei, nem imaginei ser padre”.
Padre Carlos vive em um Eremitério em São João do Itaperiú (SC)
Carlos Junior/A Notícia
Nascido no Acre, Carlos viveu uma vida de solteiro antes de receber o chamado aos 30 anos, quando iniciou o seminário em Joinville. Lá, cursou pedagogia e terapia ocupacional antes de se tornar padre, eremita e, finalmente, exorcista.
Ao refletir sobre sua trajetória, percebeu que seu dom já se manifestava na infância. “Hoje eu entendo bem o que é que acontece comigo”, diz ele, apontando para a nuca. “É o buraco por onde entra toda a comunicação espiritual, do que não está entre nós”.
Ele explica que algumas pessoas nascem com essa abertura muito grande, o que as torna mais suscetíveis à possessão. O próprio padre Carlos já teve medo do demônio, mas com o tempo e a prática, perdeu o medo e se tornou um exorcista renomado.
Seus relatos sobre encontros com o diabo no Eremitério são impressionantes. “Aqui no Eremitério, ultimamente está bem pouco, mas já tiveram situações aqui que teve morcego e não era, era demônio voando”, conta o padre.
“Tinha um bloco aqui que era outro demônio. Eu dormia ali na capela, no Santíssimo, e tinha uma festa aqui dentro, uma barulheira, parecia que estava na minha casa”, conta.
O padre Carlos enfrenta esses desafios com coragem e fé, utilizando seu dom para ajudar as pessoas a se libertarem de influências malignas e encontrarem a paz interior. Ele é testemunha de que, mesmo em um lugar isolado como o Eremitério, a batalha entre o bem e o mal se trava constantemente.
Padre Carlos vive em um Eremitério em São João do Itaperiú (SC)
Carlos Junior/A Notícia
Consulta, conversa e auxiliares: como ocorrem os exorcismos
Antes de qualquer ritual, o “possesso” passa por uma entrevista, uma triagem que ocorre mensalmente em Joinville.
“Eu sou terapeuta ocupacional, quando eu fiz o curso a gente teve formação de psicologia e psiquiatria. Então, eu tenho uma noção quando a pessoa não está em estado natural, o normal dela. Então, é por isso a entrevista. Na fala, a aparência, a gente vê o conjunto”, explica o padre Carlos.
Nessa conversa inicial, o padre avalia se o caso requer ajuda médica e psicológica ou se há necessidade de um exorcismo. Ele conta com o apoio de uma psicóloga e um médico para encaminhar os pacientes para o tratamento adequado.
“Eu tenho uma psicóloga que trabalha conosco e um doutor. Nós encaminhamos muita gente para lá. Tem pessoas que da triagem eu já encaminho para lá. Porque se eu vejo que não é caso, que são situações de psicólogo, cura interior, história que é muito sofrida, aí eu mando para a cura interior, não para o exorcismo”, relata.
Quando o exorcismo é considerado necessário, o ritual acontece na igreja de São João do Itaperiú. Munido de seu crucifixo, o livro de rituais e suas vestes brancas, o padre Carlos recebe o “possesso”, que é amparado por auxiliares durante a cerimônia.
“Aqui entra o fenômeno impressionante que aparece nos filmes, que aí a voz muda, a pupila. Tu tem o olho claro, o olho fica castanho. Em possessão, ela entrou em transe e a pupila alargou. A gente já sabe que a pessoa não está ali. Muda a voz, a força fica sobre-humana. Tem mulheres aqui, adolescentes como essa menina de 14 anos, em que é preciso cinco, seis auxiliares em cima para manter”, revela o padre sobre a força manifestada pelos demônios.
Além dos exorcismos, outras atividades são praticadas na igreja
Carlos Junior/A Notícia
O padre Carlos também compartilha um caso surpreendente de uma mulher de 40 anos que, em transe durante o exorcismo, viu sua barriga de grávida de sete meses crescer até nove meses para, em seguida, diminuir e desaparecer completamente.
“Em um mês ela estava com a barriga de sete meses, dura mesmo. E eu pedi para ela deitar e quando começou o exorcismo, ela entrou em transe. A barriga chegou a nove meses, uma coisa impressionante. Pela metade do exorcismo a barriga diminuiu e no final de tudo, sumiu. Foi que nem tu estourar uma bexiga. Voltou ao normal”, lembra.
Esse caso demonstra que nem sempre há contato direto com o demônio, mas sua ação pode se manifestar de diversas formas, inclusive através de problemas físicos. O exorcismo, nesses casos, pode ser utilizado para trazer cura e libertação.
Além de pessoas, lugares também podem ser alvos de rituais exorcistas, pois podem estar infestados por animais enviados pelo diabo e outros demônios, explica.
Padre Carlos vive em um Eremitério em São João do Itaperiú (SC)
Carlos Junior/A Notícia
O exorcismo na atualidade, segundo os praticantes
O padre Carlos e sua pequena igreja em São João do Itaperiú desconstroem boa parte daquilo que se criou no imaginário popular sobre a imagem do exorcismo, pelo menos na atualidade, já que o ritual já existe desde os templos bíblicos, cita a Associação Internacional dos Exorcistas (AIE), da qual os padres catarinenses também fazem parte. São 46 padres exorcistas em todo Brasil.
“A Igreja Católica sempre realizou exorcismos, desde os tempos bíblicos. O próprio Jesus Cristo, em seu ministério terreno, combateu satanás e seus anjos. As primeiras comunidades apostólicas, já no século I, realizavam os exorcismos daqueles que estavam se preparando para receber o batismo. Essa prática acabou por desenvolver uma belíssima liturgia batismal, na qual os catecúmenos recebiam vários exorcismos ao longo da quaresma até o grande exorcismo, feito pelo bispo, na manhã do Sábado Santo, poucas horas antes do batismo”, pontua o padre João Paulo Veloso, porta-voz da AIE, no Brasil.
O ministério de exorcista é regido pelo cânon 1172 do Código de Direito Canônico, que estabelece os requisitos para exercer essa função. Segundo a lei da Igreja Católica, o padre exorcista deve ser um homem de fé, sábio, prudente e com uma vida íntegra.
Após ser nomeado pelo bispo, o sacerdote pode se inscrever na Associação Internacional de Exorcistas (AIE), como fizeram dois padres catarinenses. A AIE oferece formação inicial e continuada para exorcistas e suas equipes, que incluem leigos experientes na fé e profissionais da saúde.
Essa formação é essencial para que os exorcistas estejam preparados para lidar com os casos de possessão demoníaca e oferecer o apoio espiritual e, quando necessário, psicológico e médico, para as pessoas que buscam ajuda. A atuação do exorcista exige discernimento, preparo e constante aprimoramento, por isso a importância da formação continuada oferecida pela AIE.
Quando a Igreja indica o exorcismo?
Segundo o padre João Paulo Veloso, porta-voz da AIE no Brasil, o ritual dos exorcismos é utilizado atualmente quando há casos de possessão (supressão da vontade da pessoa pelo maligno), obsessão (ataques extraordinários em nível psíquico), vexação (ataques extraordinários em nível físico) ou infestação (ataques extraordinários sobre a habitação ou posses da pessoa).
No entanto, é comum as pessoas procurarem o sacerdote exorcista para resolver casos de falta de prosperidade, enfermidades contínuas, medo de invejas e supostos malefícios realizados por outras pessoas.
Segundo o padre João, nestas situações, o sacerdote exorcista ajuda a pessoa a buscar uma vida realmente cristã e ter amizade com Deus, através da frequência aos Sacramentos e da prática de oração, penitência e caridade. Em muitos casos, inclusive, o exorcismo nem chega a ser indicado, mas diretamente as orações.
Mudanças na Igreja Católica
Em 1999, a Igreja Católica fez a primeira grande atualização nas regras sobre exorcismo desde 1614, distinguindo a possessão demoníaca de doenças físicas e psicológicas. Uma cartilha, lançada em 2017, recomenda que cada bispo nomeie um padre, em sua diocese, para esta função. A recomendação é feita com base no Direito Canônico, conjunto de leis que regula a Igreja.
Em 2018, o Vaticano abriu as portas para um curso anual de exorcismo, em meio a uma demanda crescente de comunidades católicas ao redor do mundo. Cerca de 250 padres, de 50 países, participaram para, entre outras coisas, aprender a identificar uma “possessão demoníaca”, ouvir testemunhos de colegas e conhecer os rituais para a “expulsão de demônios”.
Um ano antes, o Papa Francisco havia dito para sacerdotes que a maioria dos transtornos são de porte “psicológico” e que, portanto, devem ser curados “através da colaboração sadia com as humanidades”. No entanto, o papa reconheceu que certos problemas espirituais podem necessitar de exorcistas.
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O time campeão em 1972

O time campeão em 1972

1. Geraldo Brito, Administração; 2. Dr. Paulo Menezes, Serviço Médico; 3. Hélio Buani, diretor Industrial da Gráfica; 4. Vavá, Coordenação; 5. Melão,Melinho, Manutenção Industrial; 6. Juarez, convidado; 7. Érito, Chaveirinho, Paraguaio; 8. Manoel, goleiro, filho do Dr. Ary, dentista do Serviço Médico; 9. Sinézio, goleiro, Manutenção; 10. Eraldo, Impressão Tipográfica; 11. Eurípedes Maninho, Linotipo; 12. Ximenes, Fotolito; 13. César, convidado; 14. Luis Mendonça, mascote, filho do Luis do Trombone, porteiro da Gráfica; 15. Eduardo, Expedição; 16. Celino, convidado; 17. Dazinho, convidado; 18. Walmir, Administração; 19. Tião, Manutenção.

1. Geraldo Brito, Administração; 2. Dr. Paulo Menezes, Serviço Médico; 3. Hélio Buani, diretor Industrial da Gráfica; 4. Vavá, Coordenação; 5. Melão,Melinho, Manutenção Industrial; 6. Juarez, convidado; 7. Érito, Chaveirinho, Paraguaio; 8. Manoel, goleiro, filho do Dr. Ary, dentista do Serviço Médico; 9. Sinézio, goleiro, Manutenção; 10. Eraldo, Impressão Tipográfica; 11. Eurípedes Maninho, Linotipo; 12. Ximenes, Fotolito; 13. César, convidado; 14. Luis Mendonça, mascote, filho do Luis do Trombone, porteiro da Gráfica; 15. Eduardo, Expedição; 16. Celino, convidado; 17. Dazinho, convidado; 18. Walmir, Administração; 19. Tião, Manutenção.

Um passeio em Paquetá

Associação Atlética Senado Federal

Um passeio em Paquetá

Pelos idos dos anos 1950, os colegas do Senado, sócios da Associação Atlética Senado Federal – ô povo bom de se associar, esses funcionários do Senado – marcaram uma partida de futebol e passeio em Paquetá, ilha na baía de Guanabara. Quem nos faz o relato é Arnaldo Gomes, ex-diretor da Gráfica do Senado: “Foi o time dos funcionários do Senado, o mascote sou eu! à frente de meu pai João Aureliano (1). Reconheci o Velho Madruga (2), que era o presidente da associação, o Arnaldo da Contabilidade (6), o goleiro Darione (3), irmão do Nerione, Zezinho (4) de gorro, Diretor das Comissões e Luiz Monteiro (5) que também veio para Brasília e foi um inesquecível diretor Administrativo do Senado. A foto deve ser de 1950, quando os servidores do Senado foram jogar em Paquetá. Viajamos numa sexta, depois do expediente no Palácio Monroe e voltamos domingo à tarde para o Rio de Janeiro. Do resultado do jogo eu não lembro, mas foi uma diversão.”

Pelos idos dos anos 1950, os colegas do Senado, sócios da Associação Atlética Senado Federal – ô povo bom de se associar, esses funcionários do Senado – marcaram uma partida de futebol e passeio em Paquetá, ilha na baía de Guanabara. Quem nos faz o relato é Arnaldo Gomes, ex-diretor da Gráfica do Senado: “Foi o time dos funcionários do Senado, o mascote sou eu! à frente de meu pai João Aureliano (1). Reconheci o Velho Madruga (2), que era o presidente da associação, o Arnaldo da Contabilidade (6), o goleiro Darione (3), irmão do Nerione, Zezinho (4) de gorro, Diretor das Comissões e Luiz Monteiro (5) que também veio para Brasília e foi um inesquecível diretor Administrativo do Senado. A foto deve ser de 1950, quando os servidores do Senado foram jogar em Paquetá. Viajamos numa sexta, depois do expediente no Palácio Monroe e voltamos domingo à tarde para o Rio de Janeiro. Do resultado do jogo eu não lembro, mas foi uma diversão.”

Associação Atlética Serviço Gráfico

Associação Atlética Serviço Gráfico – AASG

Muito se fala do porquê do encerramento das atividades da associação do Serviço Gráfico. Há duas versões que explicariam o encerramento das atividades que levou, por consequência, ao fim do time de futebol.
Para Sinézio Justen da Silva, goleiro titular do time campeão de 1972, algumas regalias que eram dadas para os profissionais gráficos, atletas, criavam um certo mal- estar entre os servidores. “Por conta das partidas, os jogadores saíam antes de terminado o expediente para treinar e ainda havia a concentração que era feita nos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, levando a que os outros colegas reclamassem do tratamento dado a quem atuava no time de futebol”, diz o mineiro de Juiz de Fora que havia chegado a Brasília pouco antes de passar a formar no time da Gráfica.
Há os que dão a explicação mais simples, dizendo que a Assefe passara a aceitar a filiação de servidores da Gráfica o que deixava com função menor a AASG o que poderia levar ao seu esvaziamento. Diante dessa possibilidade a associação foi extinta em 1973.

Muito se fala do porquê do encerramento das atividades da associação do Serviço Gráfico. Há duas versões que explicariam o encerramento das atividades que levou, por consequência, ao fim do time de futebol.
Para Sinézio Justen da Silva, goleiro titular do time campeão de 1972, algumas regalias que eram dadas para os profissionais gráficos, atletas, criavam um certo mal- estar entre os servidores. “Por conta das partidas, os jogadores saíam antes de terminado o expediente para treinar e ainda havia a concentração que era feita nos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, levando a que os outros colegas reclamassem do tratamento dado a quem atuava no time de futebol”, diz o mineiro de Juiz de Fora que havia chegado a Brasília pouco antes de passar a formar no time da Gráfica.
Há os que dão a explicação mais simples, dizendo que a Assefe passara a aceitar a filiação de servidores da Gráfica o que deixava com função menor a AASG o que poderia levar ao seu esvaziamento. Diante dessa possibilidade a associação foi extinta em 1973.

Eraldo!

Eraldo!
Conheci Eraldo no início da década de 1990. Cearense, já não portava o corpo de um atleta de futebol da AASG que o técnico Rui Márcio colocava tanto no ataque – e era goleador – quanto na defesa. Sandália de couro, aquela que o nordestino incorpora como poucos ao uniforme do dia a dia, bom de conversa, ele me contava histórias de sua vida nos campos de futebol por Brasília. Se empolgava narrando suas atuações e me falando de nomes que se perderam na minha memória. Talvez minha memória não desse conta de que eu ouvia relatos que expressavam a cultura de um grupo profissional. Do tempo em que a impressão tipográfica tinha sua importância na Gráfica, Eraldo era exímio em sua função. Mas enquanto o braço da máquina subia e descia, ele tinha tempo para mostrar com o movimento de suas mãos o desenho de uma jogada.
Contava-me aos risos a atuação de seu irmão, lateral esquerdo, marcando Garrincha em um amistoso em Fortaleza. Irmãos, mãe, todos foram ao estádio assistir, mas o craque da família jogou só o primeiro tempo. Acabou substituído com o short rasgado pelo tanto de movimento que fazia na tentativa de marcar o 7 botafoguense. Ria solto lembrando dos gritos que dava para incentivar o irmão, “entra duro, não dê chance!”.
Um dia Eraldo pegou sua bolsa, recolheu seu jaleco azul de impressor e nunca mais nos vimos.
Deixou uma história de jogador, de impressor tipográfico, de bom colega.
Obrigado por todas as histórias.
Um abraço, Eraldo!
Conheci Eraldo no início da década de 1990. Cearense, já não portava o corpo de um atleta de futebol da AASG que o técnico Rui Márcio colocava tanto no ataque – e era goleador – quanto na defesa. Sandália de couro, aquela que o nordestino incorpora como poucos ao uniforme do dia a dia, bom de conversa, ele me contava histórias de sua vida nos campos de futebol por Brasília. Se empolgava narrando suas atuações e me falando de nomes que se perderam na minha memória. Talvez minha memória não desse conta de que eu ouvia relatos que expressavam a cultura de um grupo profissional. Do tempo em que a impressão tipográfica tinha sua importância na Gráfica, Eraldo era exímio em sua função. Mas enquanto o braço da máquina subia e descia, ele tinha tempo para mostrar com o movimento de suas mãos o desenho de uma jogada.
Contava-me aos risos a atuação de seu irmão, lateral esquerdo, marcando Garrincha em um amistoso em Fortaleza. Irmãos, mãe, todos foram ao estádio assistir, mas o craque da família jogou só o primeiro tempo. Acabou substituído com o short rasgado pelo tanto de movimento que fazia na tentativa de marcar o 7 botafoguense. Ria solto lembrando dos gritos que dava para incentivar o irmão, “entra duro, não dê chance!”.
Um dia Eraldo pegou sua bolsa, recolheu seu jaleco azul de impressor e nunca mais nos vimos.
Deixou uma história de jogador, de impressor tipográfico, de bom colega.
Obrigado por todas as histórias.
Um abraço, Eraldo!

Joberto Sant’ Anna

Presidente da Assefe