
Manter uma boa hidratação com líquidos não alcoólicos, buscar uma alimentação mais leve, evitar frituras e ultraprocessados pode ajudar no dia seguinte à bebedeira. Não conseguiu evitar a ressaca? Veja dicas para amenizar os sintomas
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Cuidar da saúde faz parte das resoluções de Ano Novo de muita gente. Mesmo assim, a ressaca bate na porta de uma turma de grande de amigos no primeiro dia do ano, não é mesmo? Mas não tem jeito. Bebedeira em excesso traz mal-estar, dor de cabeça, enjoos, náuseas, gosto ruim na boca, sede excessiva e cansaço. Ou seja, ressaca.
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Medicamentos e chás podem ajudar?
Às vezes, parece inofensivo, mas existem relatos de hepatite e outros problemas provocados por chás e ervas naturais. Então, nada milagroso é isento de riscos, mesmo quando parece algo natural. A gastroenterologista do Hospital Sírio-Libanês Débora Poli afirma que cada vez mais os profissionais de saúde aprendem sobre os possíveis efeitos colaterais de alguns chás e ervas.
Ainda assim, há medicamentos vendidos sem prescrição que podem ajudar com sintomas específicos, como dor de cabeça, náusea ou sensação de mal-estar. Mas Poli lembra que não existe milagre:
“O que podemos fazer é hidratar bastante, tomando líquidos não alcoólicos. O álcool desidrata muito, então consumir bastante líquido é fundamental. Mas não existe uma solução mágica, nem natural nem medicamentosa, que reverta os abusos com comidas e bebidas da noite anterior”, explica Poli.
O que é a ressaca? É possível evitá-la?
A ressaca é a intoxicação pelo álcool e não existe uma quantidade segura para evitá-la. Mas quanto mais álcool ingerimos, maior a chance e a intensidade da ressaca.
O álcool é metabolizado principalmente no fígado e cerca de 90% do etanol ingerido é oxidado por duas enzimas principais:
Álcool-desidrogenase (ADH), que converte o etanol em acetaldeído.
Aldeído-desidrogenase (ALDH), que metaboliza o acetaldeído em ácido acético.
O acetaldeído, um subproduto intermediário, é altamente tóxico e responsável por muitos dos sintomas da ressaca, como náuseas, dores de cabeça e mal-estar geral. Outros fatores contribuem, como a desidratação (por efeito diurético do álcool) e a inflamação sistêmica, explica o médico endocrinologista Clayton Macedo, presidente do Departamento de Endocrinologia do Esporte e Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o uso da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO).
Quem é mais vulnerável?
Estudos mostram que o tempo necessário para metabolizar o álcool depende da dose, do peso corporal, do sexo e da genética, especialmente variantes das enzimas ADH e ALDH (primordial em populações asiáticas).
“Há quem beba grandes quantidades de álcool e acorde no dia seguinte sem nenhum sintoma. Isso ocorre devido a diferenças genéticas na metabolização do álcool, especialmente nas enzimas que processam o acetaldeído”, afirma Macedo.
Mulheres e jovens adultos estão entre os grupos mais vulneráveis. Estudos mostram que a metabolização do álcool é influenciada por fatores como sexo, idade e genética, o que explica por que jovens e mulheres tendem a relatar sintomas mais severos do que homens mais velhos. Além disso, indivíduos com traços de personalidade mais ansiosos ou com baixa capacidade de regulação emocional sofrem mais intensamente com os efeitos da ressaca.
Um dos mitos mais comuns é de que beber água durante ou após o consumo de álcool previne a ressaca. Embora a hidratação ajude a aliviar a sede, estudos indicam que a desidratação não é o principal fator por trás dos sintomas.
A quantidade de álcool ingerida no total é o que faz mais diferença
Vodca: 40%
Uísque: 40%
Cachaça: de 38% a 48%
Cervejas claras e comuns (pilsen): de 3% a 5%
Cervejas artesanais ou encorpadas: de 6% a 12%
Vinhos brancos e rosés: de 10% a 12%
Vinhos tintos: de 12% a 14%
Vinhos fortificados (como vinho do Porto): de 16% a 20%
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“Medicamentos vendidos sem receita médica ainda são medicamentos e podem ter efeitos colaterais. Então, é importante ter cuidado com a automedicação”, alerta Poli.
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